domingo, 6 de janeiro de 2013

Fora de foco



Só o convite de pessoas muito queridas para nos levar ao cinema para ver De Pernas pro Ar 2.  A comédia até surpreende com alguns poucos momentos de humor genuíno, mas tenta – sem muito sucesso, diga-se – reproduzir o modelo dos despretensiosos filmes de humor americanos.


Ingrid Guimarães (Alice) é quem segura o ritmo. Bruno Garcia – o marido de Alice – um ator talhado para esse tipo de filme, até poderia dar uma ajudinha, mas, inexplicavelmente, faz um personagem sisudo, e em nenhum momento tem sua verve humorística explorada. 

Maria Paula está intragável. Como sempre.


A melhor sequência do filme – que poderia se estender bem mais – é a internação de Alice em um SPA, quando surgem vários personagens interessantes e bem engraçados, caso de Mano Love, uma referência óbvia – e de certa forma injusta, pois há outros jogadores bem mais “mal-comportados” no futebol atual – ao centroavante rubronegro Vágner Love, interpretado pelo ótimo Luiz Miranda.  


Um dos problemas do roteiro é a falta de coerência entre a proposta de um entretenimento leve com as situações de estresse provocadas pela personagem Alice, que impedem o espectador de relaxar. É o que ocorre, por exemplo, na manjadíssima cena em que a empresária marca dois almoços no mesmo horário e no mesmo restaurante com dois grupos distintos, sem que um saiba da presença do outro. Como era de se esperar, isso gera boas gargalhadas, mas a farsa acaba descoberta, claro.`


Destaque para Rodrigo Santanna como o falsificado garçom de Governador Valadares.



O problema de De Pernas pro Ar 2 é que ficou muito trabalho para Ingrid/Alice, pois, do quarteto principal da trama, ninguém a ajudou nas esquetes de humor do filme.

Certamente, o resultado teria sido melhor se tivesse seguido na linha de uma “comédia de loucos”, explorando o excelente time do spa, capitaneado pelos divertidos Tatá Werneck e Luiz Miranda.


A sensação que fica é que a produção pensou: bom, já que gastamos uma grana trazendo todo mundo para Nova Iorque, temos que ambientar a maior parte da película aqui. Como faltou uma ou outra cena para finalizar a edição, chegaram até a apelar para a antiqüíssima técnica do chroma-key, algo que utilizei em Fortaleza ainda na década de 1980 e que nem imaginava ainda ser utilizada na TV, quanto mais no cinema. Os recortes ficaram bem evidentes.


O merchandising também corre solto e passa um pouco das medidas.

No fim das contas, dá pra rir um pouquinho e não sair totalmente decepcionado, principalmente se você não entrar no cinema com grandes expectativas...