A
belíssima foto publicada no Facebook pelo meu amigo Samuel “Frangosul”
Andrighetti mostra o francês Robert Jacquinot recuperando as energias durante a
volta da França de 1922. No final, ele foi superado pelo belga Firmin Lambot.
Essa
publicação me fez lembrar de uma animação relacionada ao evento, produzida há
quase dez anos (2003), que gerou percepções antagônicas. Uns a acharam tediosa,
outros, maravilhosa. Estou mais para o segundo time.
A
dinâmica é totalmente diferente dos desenhos animados atuais. Ainda bem. Mas,
apesar do ritmo lento, não se deve esperar nada parecido com o que assistíamos
há décadas. Bicicletas é único, insólito,
quase bizarro.
O
filme tem algumas abordagens bem sutis, que muitas vezes só podem ser percebidas
pelos espectadores mais atentos. É interessante a dicotomia entre o escracho e
a delicadeza.
Críticas
ao consumismo, à valorização da estética, ao capitalismo, alternam-se às
demonstrações de amor extremo da simpática madame Souza na busca incessante
pelo neto desaparecido.
Li em outro post que “... o fio condutor da história é fraco, o desenvolvimento é lento
e moroso, as personagens se movem ao sabor das vicissitudes...”. Pode ser. O
cinema – como, aliás, quase tudo na vida – tem dessas coisas. Um mesmo fato
observado sob duas óticas distintas, por vezes antagônicas.
Por ser uma produção
franco-canadense, a própria citação a Belleville já é uma crítica bastante
subliminar, pois trata-se de uma pequena cidade do Canadá com menos de 50 mil
habitantes. No entanto, a Belleville do filme está muito mais para uma Nova
Iorque caótica e decadente, que conta, inclusive, com uma Estátua da Liberdade meio fora de forma,
precisando perder uns quilinhos...
Enfim, Bicicletas é um anti-Madagascar. Definitivamente, não é uma
animação feita para crianças. Seu humor é sutil, de difícil assimilação. Para
assisti-lo, só em DVD, pois há tempos já saiu do circuito. Mas vale a pena.