Meryl Streep está tirando toda a
graça das cerimônias de premiação do cinema norte-americano. A veterana atriz,
de 64 anos, está cada vez melhor, e “rouba” a cena mais uma vez no drama Álbum de Família (August: Osage County, 2013).
Ao assistir à película do diretor
John Wells, é automática a associação com outros filmes que têm por pano de
fundo dramas familiares, em especial o homônimo brasileiro da década de 80 e o dinamarquês
Festa de Família.
Adaptação da peça do genial
Nelson Rodrigues, o Álbum de Família nacional, de 1981, tem Dina Sfat e Lucélia
Santos no elenco, e é uma sequência de tragédias entre pais, filhos e irmãos.
Já o escandinavo Festa de Família
(Festen, 1998) é o mais pesado e, disparadamente,
o melhor dos três. Representante maior do Dogma 95, um movimento idealizado por
quatro diretores – Thomas Vinterberg, diretor de Festen, é um deles – que determinava regras rígidas para um cinema
menos artificial, a trama gira em torno da festa de aniversário do patriarca,
que serve de cenário para que todos “discutam a relação” e tragam à tona os
pecados da família.
Em comum nos três filmes: ninguém
é feliz!
Dramas familiares costumam gerar
excelentes roteiros, e não por acaso. Os problemas entre consanguíneos
geralmente são mais complexos e costumam perdurar por anos, o que atribui uma
carga dramática sem similar em outros tipos de relação.
Voltando à produção mais recente,
o elenco é o grande destaque do filme norte-americano. Além de Meryl Streep (Violet)
e Júlia Roberts (Barbara) – cujas personagens se alternam no papel de mãe e
filha – Chris Cooper (“Big” Charles) se sobressai. A destoar, a chatíssima
Juliette Lewis (que parece sempre interpretar ela mesma) no papel de Karen.
O final mais coerente de Álbum de
Família seria naturalmente o abraço de Violet na criada índia, a quem sempre
rebaixou, mas a última pessoa que lhe restou. No entanto, o cinema americano
tem estranhos clichês, que determinam, por exemplo, que a última cena seja de
uma tomada aberta. Assim, o filme termina com uma desnecessária divagação de
Julia Roberts na estrada.
Álbum de Família não chega a ser
uma super-produção, mas vale pelas atuações convincentes nas duas horas de mágoas
e lavagem de roupa suja dos parentes. Pra quem gosta de filmes otimistas e com
finais felizes, melhor ficar em casa.