domingo, 30 de setembro de 2012

Polissia para quem precisa...


O cinema europeu – principalmente o escandinavo, embora não seja o caso – adora explorar questões relacionadas a violência familiar, bulliyng e pedofilia.

Mas Polissia (Polisse) não é somente isso. Apesar do tema que sempre choca, a produção francesa vai fundo mesmo é na história dos policiais da Brigada de Proteção a Menores  francesa. Eles são os verdadeiros protagonistas, não pelos atos heróicos ou pela corrupção, mas sim por seus dramas pessoais, seja em casa ou no próprio ambiente de trabalho.

Os próprios crimes – baseados em fatos reais – propositalmente não têm continuidade, e são muito fragmentados. No início, há algumas cenas meio apelativas e até a sensação de um filme policial convencional, mas definitivamente não se trata disso.  

Dificilmente você irá reconhecer a diretora de Polisse - Maïwen Le Besc – como um dos personagens apenas pela foto ao lado. Ela interpreta a insossa fotógrafa Melissa, que ao longo da trama ganha um temperinho ao tirar os óculos, soltar o cabelo e ganhar espaço no enredo.     

Maïwen adotou um certo tom de documentário, o que dá maior veracidade à trama. 

Frequentemente o cinema francês adota uma estética meio descuidada, o que não pode ser confundido com falta de qualidade. Isso é proposital. Até a falta de vaidade de suas mulheres não as torna menos interessantes, embora reforce a lenda de que não gostem muito de tomar banho... 

Os personagens são mais densos e pareceriam até pessoas comuns, se não fosse o imenso fosso cultural entre os policiais de lá com os nossos.

Por fim, o premiado Polissia não é uma diversão familiar de fim-de-semana, mas deve ser assistido por quem gosta de um cinema mais denso, reflexivo, porém não tão rebuscado que obrigue o espectador a assistir cinco vezes para saber do que se trata. 

domingo, 16 de setembro de 2012

Ditadura Meia-Boca



Sacha Baron Cohen tentou fazer uma espécie de Borat II em O Ditador. Mas não se saiu bem.  

O filme até que começou nos dando a esperança de algo digerível, mas depois da primeira meia hora já havia apresentado todo o arsenal de piadas previsto.

A partir daí, adotou uma fórmula mais que batida, combinando o estilo comédia de erros – na  qual o protagonista é defenestrado e fica o tempo todo tentando provar quem é – com aquelas improváveis mas previsíveis histórias de amor das comédias água com açúcar do cinema americano, nas quais a mulher bacana tem um caso com um cara retardado, cujo único atrativo é ser o personagem principal do filme.

Um Ben Kingsley subutilizado, sem dizer bem a que veio, contribui para reforçar a ideia de um roteiro confuso e mal-resolvido, que não se decide entre o escracho politicamente incorreto e a crítica à pseudo-democracia norte-americana.

Possivelmente, o filme seria mais divertido se Aladeen (Sacha Baron) passasse mais tempo como ditador em sua longínqua Wadiya – uma rica nação norte-africana – e não como um sem-teto perdido pelas ruas de Manhattan.

A impressão que dá é que acabou a grana para a continuidade das externas realizadas no Marrocos e nas Ilhas Canárias.  

Borat foi um sucesso, e embora não tenha sido uma unanimidade, todos reconheceram em Sacha Baron um comediante diferente. Bruno, seu segundo filme, já foi um desastre completo. 

O Ditador não é tão ruim quanto Bruno, mas dá a entender que o humor cáustico de Sacha Baron cansou cedo demais, já no seu terceiro filme.